segunda-feira, 30 de julho de 2007

A redundância

Jorge Palma - Encosta-te a Mim

Um dos melhores operadores de montagem com quem tenho o prazer de trabalhar acusou-me já várias vezes de abusar da "redundância".

Como nunca estudei televisão, de início tive de fazer perguntas para entender a crítica. Como não aprendi antes, acedo agora aos conceitos por "experiência", as mais das vezes a discutir.

Se eu bem entendi, o meu companheiro acusa-me de querer adequar demasiado a imagem ao texto, o que acaba por atrofiar a narrativa própria das imagens. É uma crítica séria.

Mas eu faço notícias. E por isso, às vezes cedo e às vezes ainda abuso da redundância, com a vantagem de ser agora menos inconsciente disso.

Pensei neste dilema quando vi este vídeo da nova canção do Jorge Palma. Eu gosto muito do trabalho dele, há muito tempo, e acho que os melhores discos são os mais recentes. Este "Encosta-te a mim" é, para mim, uma coisa à Leonard Cohen.

Mas fiquei frustrado com o vídeo, sem perceber a razão. Depois veio-me à cabeça a redundância.

Claro que valorizo a surpresa relativa de ver uma série de personagens conhecidas enroscadas em Palma.

Mas esta canção, para mim, tem um poder tão grande de obrigar quem a ouve a imaginar o seu próprio filme que quase não admite imagens num videoclip, quando mais imagens tão óbvias.

Não deixa de ser uma extraordinária canção, apesar do vídeo.

O Palma é fodido.

2 comentários:

Ruim dos Santos disse...

Só após ver o videoclip é que percebi o alcance do post!
É impressão minha ou o Palma tem sempre um ar tão feliz... :)

dalmata disse...

Acredito que já vivi muito mais de 100 mil anos e que em todas as vidas me encontrei com as pessoas que hoje fazem parte daquela que acredito ser a minha última vida.

Não me preocupo muito em adequar a imagem ao texto, no meu caso às palavras, porque as imagens vivem na minha cabeça, nos meus sonhos...

Podia explicar o porquê de achar que esta é a minha última vida mas a música explica tão bem...

As imagens são as que eu quiser, porque não vivo delas. Posso, com um fechar de olhos, ver tudo como eu gostaria que realmente fosse...Um dia perco-me por lá...